sábado, 5 de dezembro de 2009

"Caminhadas na bruma"

Irá realizar-se no próximo dia 18 de Dezembro pelas 21 horas o lançamento da obra “Caminhadas na Bruma” na Biblioteca Municipal de Vila Real. Esta obra tem como objectivo principal angariar fundos para a erradicação da poliomielite. “Caminhas na bruma” foi ideia de Maria Antónia com a ajuda do governador Manuel Cordeiro e resultou da boa vontade da escritora brasileira Simone Gonçalves. A nível técnico contou com a colaboração de Alexandre Parafita. O livro tem como tema central a história de duas crianças com condições sociais bastantes diferentes no entanto com o mesmo problema: a poliomielite. A pólio é uma doença em erradicação causada por um vírus, que causa paralisia, por vezes mortal. O livro mostra a atitude errada que os pais por vezes demonstram em relação à vacinação. Deste modo o livro é uma chamada de atenção para este problema. O livro teve uma tiragem de dois mil exemplares e geraram uma receita de dez mil euros. O dinheiro gerado reverterá directamente para o projecto “Rotary Internacional da Erradicação da Poliomielite”. O professor Manuel Rebelo de Sousa conhecendo o valou e o objectivo deste projecto, falou e recomendou o livro no seu programa “As escolhas de Marcelo” na RTP1 no dia 22 de Novembro. Segundo Manuel Cordeiro uma segunda edição irá ser lançada, no entanto terá uma vertente mais de divulgação que funcionará como uma chamada de atenção para o problema da vacinação.

domingo, 15 de novembro de 2009

O ser humano é tão estranho

O ser humano é tão estranho. Consegue de uma forma surpreendente tomar duas formas, duas atitudes. Aqui sou assim, ali sou diferente. Aqui gosto de ti, ali já te odeio. Hoje és tudo, amanha não és nada. E assim se vai vivendo. O puro e genuíno já não faz parte de nós. é puro todo aquele que não contacte com esta raça, é genuíno todo aquele que não conhece esta estirpe.
Um dia uma amiga contou-me que viu um despretensioso gesto de carinho entre um casal já idoso, e isso marcou-a. A mim também devo confessar. Porquê? Porque, aqueles dois estão em contínuo amor, amor esse que tem perdurado e subsistido ao cair das folhas, ao sol escaldante, às grandes tempestades, pois só desse modo é que aquele casal pode florir a cada Primavera e conhecer-se até ao mais ínfimo pormenor. A geração jovem está decadente, imersa numa podridão extrema, onde a futilidade atulha os seus dias. Estranho não? Quando mais evoluímos, quanto mais tecnologia, bem-estar e conforto são postos à nossa disposição mais o ser humano se preocupa com o que não é elementar. Ninguém consegue perceber um jovem, aliás nem ele mesmo se compreende a si próprio.
Seres tão ignóbeis….

Ps: Certamente nem todos se encaixarão neste perfil (felizmente), mas prefiro generalizar.

sábado, 31 de outubro de 2009

Futuro

O futuro é tão incerto. Um pequeno baú cheio de dubiedades e indecisões. Será que aquele ser, num momento de puro desatino e felicidade, se lembrará desta pequena e singela passagem da minha pessoa por sua existência? Pensamentos tão efémeros, e tão vincados ao mesmo tempo. Simples seres nos fazem sentir o temor de um dia não voltar a ver os seus sorrisos, os serões passados em conjunto num misto de alegria e nostalgia. Porque tudo acaba, nada é imperecível. Aproveito e guardo dentro de mim cada meticuloso gesto, cada sorriso, cada gesto de carinho, cada “maluqueira”. Tantas alegrias que compartilhamos diariamente, fazem de mim uma pessoa melhor. Imagino-me futuramente rodeada de algo extremamente alcantilado, e a sonhar com os vossos olhares de genuína compreensão, e amizade. Não me sinto só, convosco sinto-me capaz de ser livre e realizar qualquer sonho. No entanto várias vezes o medo de vos perder invade a minha alma. Será que tudo isto são apenas sentimentos e pensamentos efémeros? Tenho receio de nunca mais sentir aquele carinho, e que o tempo a pouco e pouco vá desvanecendo este sentimento tão puro e verdadeiro. O futuro é tão inconstante, tão bárbaro e atroz…

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O que?

Gostava de poder fugir para aquela ilha. De estar longe de todos e de ninguém. Queria fugir de mim própria, e entrar num outro alguém completamente diferente. Tudo está trocado, nada funciona bem. Serei eu a única que sofre pela liberdade inatingível? Nada está como devia estar. Liberdade a mais de um lado, liberdade a menos de outro. E tudo funciona mal. A roda viva do meu ser estancou, e começa a entrar em carência. Não sei como agir. O desejo de ser livre é-me negado por quem já mo devia ter concedido, e o desejo de me sentir agarrada é-me negado por aquele que mo devia ter oferecido logo no primeiro instante. Sou diferente? Tudo está a ficar diferente, a vida oxida a minha mente. E nada será igual! Uma luta constante dentro de mim começa a inquietar o meu ser. Cresço por dentro, e diminuo por fora. O tempo passa e ninguém se apercebe! O desejo de Pedro Álvares de Cabral me possui. Quero descobrir, o que está errado, porque que nada disto funciona bem! Como é que isso é possível?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

As crianças de hoje... e do futuro amanhã

As crianças de hoje vivem obcecadas pelo consumismo. Todas elas estão a crescer num século em que as mentalidades se baseiam simplesmente naquilo de que estas são portadoras. Uma criança dos 6 aos 15 anos gasta em média 11 horas entre refeições e o sono. As restantes horas disponíveis são passadas em actividades como ver televisão, internet, e claro, as aclamadas compras. Penso que este facto advém da pouca autonomia que os pais conferem aos filhos. Estes novos pais, os ditos pais modernos, tentam colocar os filhos num casulo que não permita que estes cresçam da maneira mais propícia, e que lhes possibilite futuramente encarar as contrariedades da vida da melhor maneira. Em compensação por este feito deliberado os pais dotam os filhos de tudo quando estes almejam. As crianças de hoje, desta sociedade hodierna, não conhecem a significação da palavra NÃO. Assim, estamos a instruir crianças (os nossos futuros empreendedores) da pior maneira possível, criando criaturas egoístas, comodistas, interesseiras que estão acostumadas desde pequenas a ter tudo que cobiçam sem o menor esforço, assim como estão igualmente habituadas apenas a disputar com os colegas a melhor roupa, o melhor brinquedo, os melhores ténis. Não culpo as crianças por este facto. Os pais são os principais responsáveis, uma vez que são estes os seus pedagogos. Tenho a expectativa que este tipo de conduta mude rapidamente, pois se tal não acontecer afianço que teremos uma sociedade futura bastante insensível e atroz, onde a benevolência, humanitarismo e principalmente o respeito, não irão fazer parte do léxico dos seres humanos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Nesta Localidade...

A vontade de ser mais e querer mais começou a prosperar fortemente em meios tão provinciais como a nossa localidade. Começando pela política onde as conveniências dos dirigentes se alteiam aos interesses da população, passando pelo regime social onde tudo e todos se tentam sobrepor uns aos outros, desde os estratos mais jovens até aos mais idosos. Que agremiação é esta onde a existência de outrem é sempre mais interessante que a nossa? Se cada um tivesse a mente tão arreigada na sua vida decerto olvidariam o que se passa com o confino. Porquê que o conceito de o que fica bem e mal é tão rígido, inexorável e inflexível nestas meios? Mesmo não havendo nenhum édito que diga o que é ou não é certo a tradição é tão implacável que não consente que o humano seja ditoso com aquilo que almeja. Tanto preconceito. Temas como homossexualidade, lesbianismo, racismo são praticamente tabus nestas localidades. Factos tão ingénitos e triviais noutros meios como tatuagens, piercings, implantes, plásticas, silicones, vasectomias são encaradas como coisas pérfidas, diabólicas, pavorosas. Como é que estes acontecimentos são exequíveis em pleno século XXI?

sábado, 11 de julho de 2009

Felicidade

Felicidade! Sentimento tão atinente e tão efémero. Hoje sinto-me feliz, amanhã toda essa felicidade não fará qualquer sentido. Queremos ser felizes com tudo aquilo que não detemos e talvez nunca poderemos alcançar… que utopia. A felicidade é sentimento fantasmagórico, uma ilusão que nunca passará disso. Penso por vezes que necessitava de algo mais superior para penetrar a felicidade suprema, mas será que isso existe de facto? Felicidade suprema? Talvez exista, mas nenhum ser humano é capaz de a alcançar, pois necessitamos sempre de algo mais. Nem que fossemos dotados de descomunais amores, grandiosas amizades, um colossal poder económico, beleza descomunal, algo mais iria faltar. No meu caso poderei apenas dizer que me sinto feliz. Não sei com o quê nem sei o porquê, mas será que isso realmente importa? Não! Não necessito de ser constantemente racional, pois todos os seres humanos são dotados com o seu Q de irracionalidade. Mesmo no auge da minha felicidade, sei que a minha alma tem encontros e desencontros constantes. Se me sinto bem no presente surge a nostalgia do passado, a vontade de ser criança novamente, o desejo de sentir que a única expectativa que os outros têm em relação a mim é simplesmente a vontade de me ver sorrir, outras vezes surge a vontade de querer crescer rápido, a determinação de querer saciar todos os meus desejos e vontades sem ter que pedir pareceres alheios. Algo falta sempre… é uma ansiedade extrínseca. Nos somos retalhos humanos e nunca passaremos disso, meros retalhos…



Ps: Pensei, considerei, meditei e não consegui encontrar nenhuma excepção a esta minha teoria…

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Amor!!!

Pediste-me para redigir algo sobre o nosso amor! No entanto como serei capaz de o fazer? O amor não se pode representar por vocábulos, não há nenhum termo tão magnificente tão possante que defina este meu sentir. Por essa razão falarei apenas dos meus sentimentos quando estás ausente. Vens e o dia recrudesce, vais e o dia mortifica-me. Ao teu lado todos os temores e pesadelos que me acossam o espírito e os pensamentos ausentam-se. Não me elucidas no entanto dás-me força, não me regozijas com a verdade no entanto dás-me amor. Amor… sentimento estranho… conhecer um ser e ele passar a fazer parte do nosso quotidiano. És a minha almofada no tempo de dolência, o meu médico no tempo de enfermidade a minha paz no tempo de rebelião. Sinto-me segura a teu lado e tão insegura quando não estou contigo. Contigo agito montanhas, nado oceanos, defronto multidões, sem ti sou uma pena a planar pelo ar sem qualquer rota ou direcção, sou a pena sem a pomba, sou a mãe que procura a jocosidade dos seus filhos. Tu és a estrela que dá fulgor aos meus dias, dás ânimo às minhas manhãs, aclaras a minha noite. Consegues ser o anjo e o demónio que deambulam pelos meus sonhos. Acredito no meu amor… e o teu???? Já sorri muito contigo já lacrimejei oceanos por ti. Invoco e apelo às deidades superiores que conservem este meu sentimento consolidando-o e fortificando-o, dando-lhe a cada dia que passe novas alacridades, satisfações. Assim seremos felizes e mostraremos a todo o mundo que conseguiremos permanecer juntos durante o resto de nossas existências. No entanto para que tal suceda careço também de ti… um ser nada faz, dois seres avassalarão tudo que de sumptuoso existe no cosmos.

Escrever???

Mentes poluidoras que provocam o pesar de um corpo e uma mente impenetráveis. Nunca ninguém me irá depreender, nunca ninguém irá cogitar qualquer opinião a meu respeito, pois repetidamente afirmo, ninguém me compreende. Quando divisam as primeiras impressões rudimentares a meu respeito, chegasse à elementar conclusão que elas são óbvias. No entanto para conseguirem perceber todo o meu inconsciente necessitam de algo mais do que meras impressões, é imprescindível para o vosso entendimento sobre mim algo mais elevado, porque sou incompreensível. Escassos são os seres rastejantes, andantes, voantes que compreenderão as minhas contendas íntimas. Não quero nada, não quero ninguém e ao mesmo tempo quero tudo que existe no cosmos, tudo que o ser mais labiríntico e selvático deseja um dia divisar. Simples como uma pomba branca complicada como um camaleão. Talvez assim seja mais fácil para o vosso entendimento, talvez assim não me conceituem pelo que aparento. Sabedores populares afirmam: “as aparências iludem”, palavras carregadas de sabedoria, palavras que escalavram e aniquilam o ser mais ignóbil, palavras que levam um ser a procurar a tão dilecta racionalidade, pois é dela que eu sou feita. O lógico é a manta e o retalho que me colectam nos dias mais íngremes. Este meu interior pode ser igualado aquele ser que está próximo de ser apunhalado pela espada afiada do rei cruel, carrasco pois é assim que me sinto, quando vós conspirais contra a minha existência. Nada tenho a declarar, pois mais não posso. Não me levarias a sério, segundas intenções tirarias das minhas palavras tão singelas. De que precisas mais para acreditares que quando cometo o imprudente acto de escrever me refiro apenas a alguém e a ninguém. ALGUÉM que se irá encaixar nas minhas sentenças, alguém que se irá sentir no mesmo patamar que eu! E quando me refiro a patamar falo de algo interno e não de status ou aparências, porque ninguém alimenta alguém com tão fúteis e elementares opiniões. A NINGUÉM, que me ache demasiado ridícula para ser levada a serio, ninguém que pense mais uma vez que todos estes meus devaneios não passam de “obstinações de um ser que não tem mais nenhum propósito a alcançar”. Sendo assim nada mais declaro, nada mais tenho a anunciar pois vocês não acreditariam na minha genuína e despretensioso inocência quando escrevo. Quando o faço refiro-me a vós Humanidade e não a ti homem…

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Injustiça

Já tentei escrever sobre o amor… já tentei mostrar toda a (suposta) dimensão desse sentimento. No entanto apenas ideias enigmáticas invadem o meu pensamento. Não acredito em amor autêntico, efectivo, amorável. Não acredito que dois seres se possam amar tão intensamente que os seus corações e os seus corpos se agreguem de tal forma que não se consiga descobrir qual o norte qual o sul. Amar faz doer e essa é a única conclusão axiomática e concebível que a minha mente consegue alcançar. Já tentei descrever o teu amor, já tentei coloca-lo numa escala em que ele se possa entender e desvendar. Não te vou esquecer no entanto necessito de fugir de ti, de me refugiar num local onde a mágoa e o descontentamento não me possam aguilhoar nem te possam ferir a ti. Afinal isto não passa de um capricho. Obstinações de um ser que não tem mais propósitos a alcançar. Não é o que dizes? Gostava que por um dia pudesses penetrar nos meus pensamentos, gostava que por uns instantes sentisses toda esta minha frustração, decepção, desapontamento, toda a minha dor, todo o meu padecimento, todo o meu pesar. Assim calavas a boca, suprimias as palavras, continhas os actos, controlavas os pensamentos, pois verias um ser superior a ti. Um ser que devia ser galardoado pela sua audácia, pela sua bravura, pela sua capacidade de elevar a cabeça e cogitar: «um dia a vida encarregar-se-á de te punir».

Sonho

Hoje perguntaram-me qual era o meu maior sonho! Hesitei numa resposta com medo que ela fosse considerada demasiado fútil, demasiado banal. Não respondi. Simplesmente a visionei por instantes. Ah! Era tão bom… só assim poderia trespassar a mente humana, só assim descobriria os anseios escondidos por entre máscaras e disfarces dissimulados. Fui feliz por instantes. No entanto emerge novamente a desilusão, novamente o desejo de aniquilar todos os incómodos sonhos. Tu és inexecutável, tu és inalcançável, inatingível, tu és provavelmente a realização para um porvir longínquo, distante, remoto. Agora que caí em mim e a racionalidade me perfurou, vejo uma vontade um devaneio que nunca se irá concretizar nunca se irá realizar, afinal tudo isto não passa de um delírio, de um desvario do meu inconsciente. Assim sendo tenho a desgostosa convicção que a minha génese não experimentará este efeito, não saboreará este meu delírio arrebatador. Provavelmente daqui a um centenário os cientistas deslindarão o tratamento para a Sida provavelmente também descobrirão uma poção que tornará o ser humano por instantes translúcido, invisível. Gostava de experimentar essa sensação, gostava de poder deslindar os pensamentos humanos, gostava de saber o que cogitarão os outros sobre mim. Só assim descobriria as minhas imperfeição os meus desvarios. Sei que tudo isto não passa de um delírio, de uma demência do meu ser. Sinto-me a alucinar. Que sensação, que abalo, que desvario, que hipnose. Sinto-me a esmorecer, enfraquecer … sinto-me a desfalecer…

sábado, 6 de junho de 2009

Devaneios

Gostaria de ser uma pessoa perfeita. No entanto os reveses da vida, modificam-nos. Tornam-nos descrentes, apreensivos. No inicio, somos uns inofensivos seres que contendem pela sua continuidade, tomando atitudes brandas, humildes. No fundo, atitudes humanas. No inicio achava que sim! Todos os actos complacentes eram o indício de uma humanidade a patentear o amor, a benquerença, a dilecção, a benevolência. Hoje creio que todos esses meus pensamentos não passavam de devaneios. Descobri um mundo onde a luta de classes ainda impera onde o bem e o mal actuam lado a lado. Hoje descobri que ninguém é perfeito. Todos nós de forma mais, ou menos fulgurante passamos por cima de quem mais prezamos. Descobri que toda a gente é substituível. Porquê? O que levas os humanos a trocarem de forma tão bárbara umas pessoas por outras? Onde está o coração quando se cometem actos tão inumanos, tão atrozes, tão impiedosos e insensíveis? Hoje, questionei-me o porquê de isso acontecer. E descobri a amargurada verdade. Todos aqueles que já foram de alguma maneira dolentes tendem a sofrer por o mínimo obstáculo. Eu sou assim! Depois de uma forte dor, toda a bravura, audácia e atrevimento desaparecem. Ocupa esse lugar a dor, a mágoa, o sofrimento, o padecimento, a angústia e o medo. Muito medo. Medo de voltar a sofrer. Medo de me sentir novamente humilhada, mortificada, consumida. Quando sentimos na pele a deslealdade o mundo ao nosso redor apequenasse, sentimo-nos desguarnecidos, sozinhos, isolados. E o medo? Esse acompalhar-nos- à durante toda a nossa existência. Seremos perseguidos por pensamentos atrozes, receosos. Esses pensamentos dilaceram o meu ser, despedaçam o meu coração, retalham a minha existência, golpeiam a minha aurora. E o que me resta? Lágrimas! Elas sim… elas ajudam o coração mais oprimido a despontar, a desabrochar, a florir. Elas são as minhas companheiras mais fiéis nesses momentos de dolência. Pois elas, ao contrário de todos os que conceituamos de amigos e condiscípulos, acompanham-nos nos momentos mais sofridos. Eu sou o teu mártir! Tu és a minha espada que me apunhala enquanto os meus olhos estão deturpados, ofuscados, queimados com a visão da primavera, enquanto o meu pensamento deslumbra a plenitude de toda a nossa existência. Tu magoas, és cruel e horrendo. És um ser humano horrível, desprezível, ignóbil, sórdido, asqueroso! Deixaste na minha alma um sofrimento atroz um sofrimento indescritível. O que me resta? Sonhar? Já não há espaço na minha alma para sonhar. Se sonho, pensamentos horríveis invadem o meu espírito. Por isso prefiro continuar a viver a realidade. Realidade essa onde o devaneio não esteja presente. Assim prefiro viver… Viver sozinha com o meu temor, o meu horror, o meu tormento, pois tenho a certeza que a morte está próxima. A alma e o coração já faleceram, só faltas tu! Inútil corpo…

Pensamentos

Desistir!? Porque não!? Se toda a nossa existência se atulha de momentos menos próprios, menos decentes. Somos todos os dias atacados por comportamentos indignos que nos magoam e nos fazem acreditar que a raça humana não passa de uma máquina de causar sofrimento, extenuando todo aquele que demonstre alguma indulgência.
Ser humano!? Era esta a criatura que O magnificente Deus queria criar? Era este demónio aniquilador que Deus gostaria de ver na Terra durante anos e anos? Os Homens diminuem-se a cada palavra proferida de bondade, engrandecem-se a cada vitupério emitido.
São estes Homens que causaram durante séculos o sofrimento dos seus semelhantes. São este Homens que ainda hoje vão matando, mesmo de forma ténue, o coração daqueles que têm a ousadia de tentar penetrar na sua desfalecida existência.
Homens!? Selvagens, incultos, crespos, escabrosos, agrestes. Homens deploráveis, lastimosos, infames, desgraçados, coitados, miseráveis. A vossa existência deveria ser afastada do púlpito dos corações benévolos. Nunca a vossa existência devia ser lembrada, nunca o vosso soprar devia ser sentido, nunca a vossa súplica devia ser ouvida. Vocês, reles Homens poluem toda a nossa existência, turvam os nossos olhos, atroam nossos ouvidos, conspurcam o nosso respirar.
Por vezes imagino o universo sem estas pifadas criaturas. Que paz, que bonança, que placidez, que tranquilidade. Quando estes viventes se apequenarem, o mundo desabrochará, abundará de paz, alegria e júbilo.
Ah o mundo! Sem eles o mundo tornar-se-ia a plenitude, a totalidade, a perfeição, a grandeza. Posso esperar que tal facto de concretize no futuro. Agora neste enfadonho, mortificante, cruel e aflitivo presente apenas me resta sonhar.
Talvez um dia este meu devaneio, esta minha visão utópica da humanidade se materialize.